sábado, 8 de janeiro de 2022

BRM 200k - Guararema

¡Buenas!

Como havíamos dito anteriormente, iríamos nos valer de alguns BRMs para treinar corpo e mente para nossa jornada do Across Andes.

Nossa primeira prova foi o BRM 200k de Guararema, organizado pelo Randonneurs Mogi.


A previsão do tempo não era muito animadora: chuva fraca, temperaturas entre 16 e 22ºC e vento-contra. O kit completo pra desmoralizar mesmo os ciclistas mais entusiasmados! 


Gabi e eu botamos as bikes no carro e partimos para Guararema por volta das 5h15 do sábado.
Chegamos próximo das 6h30, fizemos uma rápida vistoria e as 6h45 iniciamos nossa prova.

Largada junto a entrada da Pousada Sapucaia

Não chovia e fazia pouco frio, então segui sem corta-vento, só com camisa e manguito. Já a Gabi seguiu com seu corta-vento resistente a água, até que com uns 30km rodados, próximo ao pedágio, começou uma garoa, então tive de me abrigar no meu "saco de lixo" (que é como eu carinhosamente chamo meu corta-vento laranja, que fica muito amarrotado, parecendo uma sacolinha mesmo, hehehe).

Esses primeiros 50km da prova são os mais rápidos. A altimetria ajuda bastante, assim como as condições da rodovia, com largo acostamento e pouca sujeira.
Em duas horas de giro chegamos ao PC-1, que consistia em tirar uma foto da placa para Jambeiro.

PC-01: 02:02:50

Enquanto estávamos fotografando, um colega de prova nos alertou que a placa não era exatamente aquela, mas a próxima, alguns metros a frente.
Para não correr riscos tiramos uma segunda foto em movimento!

Mais uma pra garantir...

Já tinha parado de chuviscar e seguimos por pouco mais de 10km num girinho mais contido, pra poder nos recuperar da intensidade desses primeiros 50km. Foi nesse trecho que pegamos nossa primeira subida, quase 8km, mas com uma inclinação média tranquila.

Em meio a um bocado de ciclistas da região, chegamos ao PC-2, que consistia em uma foto na Praça Almeida Gil, em Jambeiro.

PC-2: 03:22:12

O ponto de apoio desse PC é a Padaria São José. Tinha um bocado de ciclistas por lá: Mountain Bikers, Roaders, Randonneurs...de tudo um pouco!

A Gabi não estava com fome, mas eu estava faminto. Pedi um misto com ovo frito e uma coca...ela acabou me acompanhando no pedido, mas não comeu o lanche todo...levou metade no bolso da camisa. Também levamos duas latinhas de coca-cola pra viagem.

A próxima parada estaria a pouco mais de 50km à frente, com um belo lote de "tobogãs". Parece que não, mas esse sobe e desce vai minando a energia aos poucos...

Nesse trecho a rodovia tinha dois pontos com queda de barreiras, o que sempre traz um pouco de apreensão, mas como não era um fim de semana ensolarado, o trânsito estava relativamente tranquilo.

O ritmo estava bacana, apesar de obviamente ter caído um pouco. Fizemos breves paradas para comer uma bisnaguinha, tomar aquela coquinha comprada lá na padaria São José...aquela coisa de Randonneurs! 
Essas paradas são importantes para reorganizar a cabeça, dar um rápido alívio às pernas e rediscutir a estratégia.

Pouco antes do PC-3 a "água do céu" tornou-se companheira do trecho. Nada muito absurdo, mas já era mais que um chuvisquinho.

E foi assim, molhados, que chegamos ao Bairro do Cedro e ao PC-3, a Lanchonete da Rosana.

PC-3: 07:18:41

A imagem talvez não faça jus ao clima, mas estávamos bem ensopados. Dá pra ver a água caindo.

Neste PC não gastamos muito tempo. Eu peguei uma esfirra, a Gabi mandou ver na outra metade do lanche que rodou 50km na camisa de ciclismo, um par de coca-cola pra tomar na hora, outro par de garrafinhas miudinhas pra viagem e a reposição de nossa água.

Demoramos algo como dez minutos, mas foi o suficiente pra ficar "batendo os queixos" de frio. Sair debaixo de uma chuva mais volumosa foi dolorido pro moral, mas tínhamos que seguir. 

Não tardou muito e chegamos a mais uma longa subida. O frio logo passou com o esforço de manter a bike se movendo numa velocidade suficiente para não cair dela.
Nesse trecho o cansaço bateu um pouco mais forte.

A Gabi começou a se preocupar com a média e o horário de chegada. Mas já sabíamos que haveria um trecho longo relativamente plano, onde seria possível recuperar o tempo gasto nas subidas.

Mais duas pequenas ascensões, uma boa descida e chegamos ao PC-4, a Padaria Rainha.

PC-4: 11:01:58

A parada aqui também foi breve. Hidratamos, enchemos as caramanholas, a Gabi pegou uma pera e partimos para o ultimo trecho da prova.

Neste ponto estávamos bem animados, pois de fato ganhamos bastante tempo no trecho anterior. Calculamos que conseguiríamos chegar com uma folga de 1h do tempo total de prova, que é de 13h30'.

Com esse ânimo tentamos dar mais um gás, mas mesmo as menores subidas davam um pouco de mais de trabalho, pois o cansaço acumulado dos 170km já rodados cobravam seu preço.

Ao pegarmos novamente a rodovia Carvalho Pinto demos um bom sprint, já que a altimetria é mais branda. Passamos rapidamente pelos dois primeiros túneis, mas do terceiro em diante o ritmo foi arrefecendo novamente.

Após chegarmos a alça de acesso para a Guararema a coisa começou a ficar tensa. O ritmo caiu drasticamente. Todo o tempo que ganhamos nos 15km após o PC-4 foi se esvaindo e com ele também a luz natural.

A navegação noturna ficou mais chata, a velocidade não subia, os giros dos pedais não rendiam e pra ajudar, ainda tivemos um furo da roda traseira da Gabi faltando 7km para chegada.

Fizemos rapidamente a troca da câmara e continuamos com cautela pela estrada escura.

Num vacilo de navegação, entrei num acesso a cidade antes do ponto onde deveríamos entrar. Ainda bem que logo percebi o erro e retomamos a subidinha final até entrar no acesso correto, passar pelo Portal da Cidade, cruzar a rotatória com a fonte iluminada e finalmente chegar a Pousada!

E assim Brevetamos! Ufa!

Apesar da queda de performance no final, furo do pneu e meu vacilo de navegação, terminamos com 13h05", 25 minutos de "sobra" do tempo máximo.

Essa marca nos animou bastante, pois em nosso último BRM (o primeiro da Gabi) terminamos com 13h25", mostrando evolução em nosso ritmo conjunto de pedal e principalmente a "virada de chave" da Gabi quanto ao comportamento em provas de longa distância.

Na prova anterior havia um clima de preocupação e ansiedade grande, que quase a derrubou. Já nessa ela seguiu mais consciente do tamanho do desafio e do nível de esforço, o que resultou em um pedal mais solto, bem-humorado, sem medo de não homologar o brevet.

Fomos recebidos com entusiasmo pela galera que estava lá batendo um papo com a organização. Menção especial a Renata Ruivah, que não via havia muito tempo! Eu estava tão cansado que nem me toquei de tirar uma foto pra registrar! (ainda assim, beijão Ruivah!).

Passamos uns bons minutos conversando com a galera e comemos umas coxinhas, aguardando a coisa mais importante do dia: a Homologação do nosso Brevet!

Chegada: 13:05:19

Pronto...agora já dá pra ir pra casa!

Despedimo-nos de todos e fomos pro carro guardar as tralhas, mas acabamos ficando um tempão conversando com o Osmar, que também havia completado o Brevet e estava se preparando para pegar a estrada.

Finalmente com quase* tudo no lugar, pegamos a estrada, cansados mas felizes por ter começado bem nossa temporada!

*"quase" por conta de ter deixado no estacionamento da pousada meu multi-tool e uma das minhas lanternas...

E que venha o próximo! Estamos aguardando a abertura de um brevet misto prevista para fevereiro!

Até lá!


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Across Andes 2022 - Planos e Preparação

!Buenas!

Agora que já estamos inscritos na prova, não tem muito mais o que fazer: temos de treinar...e muito!

Essas provas de ultraciclismo/bikepacking são bastante duras e demandam um bocado de resistência física e mental.

Pensa só: Para o Across Andes, é preciso pedalar no mínimo 170km por um misto de estradas asfaltadas e de terra, com pedras soltas (o famoso gravel), com altimetrias de literalmente tirar o fôlego por seis dias à fio. Tem de entrar em alfa pra superar o desconforto, as dores e a fadiga.

É por isso que decidimos dividir nosso treino em 2 partes: Fortalecimento Muscular e Simulação das Condições da Prova.

Para o fortalecimento muscular e de quebra ainda melhorar a flexibilidade do corpo, vamos de Prática de Yoga. Assim a chance de lesão por impacto de exercícios numa academia se reduz absurdamente. 

A Gabi é Professora de Yoga e já está na missão de me colocar em forma!

Agora a segunda parte é mais complicada: Como é que se treina pra pedalar por seis dias seguidos? 

Nossos compromissos pessoais, familiares e profissionais não nos permitem treinar do jeito que gostaríamos, mas pra tudo tem jeito: decidimos fazer no primeiro semestre alguns (ou toda a série, isso não está decidido ainda) de BRMs (Brevets Randonneurs Mondiaux), conhecidos popularmente por aqui como "Audax".

As provas tem distâncias de 200, 300, 400 e 600km, sendo cada um desses BRMs requisito para o seguinte. 

Os 200km são a porta de entrada e uma vez que você os conclui uma, está "brevetado" para a próxima.

Estamos pensando num calendário de provas com  trajetos tanto 100% asfalto quanto trajetos mistos, para que ganhemos alguma experiência e principalmente somemos horas de selim, importantes para treinar o aspecto mental.

O nosso primeiro BRM será o de Guararema, organizado pelo Randonneurs Mogi no próximo dia 08/01.

Torça por nós! Precisaremos muito! hehe!


Abração e até mais!



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Across Andes 2022 - Prólogo

¡Buenas!

Nos últimos anos cresceu em mim uma paixão sem precedentes pela Patagônia. Um lugar mágico, praticamente a Meca do cicloturismo localizado aqui pertinho, no sul do nosso continente, compartilhada entre o Chile e a Argentina.

Há um bocado de gente que fez, está fazendo ou logo mais fará alguma cicloviagem por aquelas bandas. 

Tive a oportunidade de conhecer um pedacinho desse lugar fantástico em janeiro de 2018, quando troquei de emprego e me dei a viagem de presente!

Fiz um pequeno tour (algo como 350km) entre San Martin de Los Andes e Bariloche, pela "Ruta de Los Siete Lagos" (uma hora dessas eu faço um post sobre essa viagem solo).

Depois dessa experiência, passei a consumir alguns materiais como livros, mapas, rotas, relatos, fotografias...enfim, subsídios para sonhos, que se bem alimentados viram projetos, que se bem traçados viram realidade, que se bem vividos transformam-se em memórias!

Um exemplo é o canal do (infelizmente finado) Iohan Gueorguiev (See The World). 
Quem acompanhou as aventuras desse jovem búlgaro/canadense deve ter sentido um desejo enorme de ter vivenciado as lindíssimas e inóspitas paisagens que ele capturou com suas câmeras, ouvindo as lindíssimas músicas que ele cuidadosamente escolheu para sonoriza-las. 

Se você não conhece, vale muito a pena ver a playlist dele. 

Enfim, melhor voltar ao tema...

Como os algoritmos do Facebook e Google são "malandriços", acabaram me jogando na cara o anúncio da edição do Across Andes 2021 , uma prova de ultraciclismo com pouco mais de 1000km que, conforme foi descrito pelo próprio site "...cruza os mágicos bosques de araucárias milenares e bordeia os lagos mais cristalinos da Patagônia Andina."

Quando me dei conta e passei a prestar atenção, a prova ela já estava com inscrições encerradas havia muito tempo.

Ainda assim Gabi e eu passamos a ficar de olho em todas as notícias que surgiam sobre a prova...tanto que logo descobrimos que alguns brazukas estariam por lá, um deles o Vinícius Martins, que é um reconhecido ultraciclista brasileiro e Organizador da ACP Randonneurs Mogi.

Acompanhar essa prova foi muito emocionante. Tanta imagem bonita, tanta altimetria, tanto perrengue, tantas histórias de superação, tantas frustrações...aquilo tudo parecia muito intenso e extremamente tentador...

...e foi aí que nos vimos pensando na possibilidade de fazer!

Parecia loucura, já que a coisa mais próxima que fizemos de ultraciclismo foi a nossa última grande aventura, o Portugal Divide (essa vai render uma série de posts, aguardem).

Colocamos na cabeça que tão logo abrissem as inscrições, iríamos entrar. Mas esse "tão logo" foi MUITO mais rápido do que esperávamos.

A prova terminou em 04 de dezembro de 2021 e mal houve tempo da organização recolher as tralhas, já anunciaram a pré-venda das vagas para edição 2022, que só ocorrerá em novembro de 2022!!!

Aí não teve jeito. Ficamos ouriçados ao extremo e no primeiro dia de pré-venda, 10/12/2021, fizemos nossa inscrição na categoria Dupla. 

Recebemos os numerais 110 e 111. E agora temos praticamente um ano para nos preparar!

Faremos uma série de posts relacionados aos preparativos ao longo de todo o ano e esperamos que você nos acompanhe e participe de tudo isso com a gente!

Bora lá?

Abração e até mais!

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Reiniciando os Trabalhos

¡Buenas!

E eis que volta o filho (não tão) pródigo!

Uma nova fase está em curso: O Só no Girinho voltará a ter publicações!!! AEEEEEEEEWWW!

VIVAAAA!

Vocês obviamente notarão que os posts antigos foram tirados do ar. Decidi fazer isso pois várias das imagens estavam com links quebrados e tinham algumas histórias incompletas (shame on me!). 

Enfim...

Uma nova história será contada. A história de um casal de cicloturistas que resolveu experimentar novos níveis de aventura sobre duas rodas.

A ideia do retorno do blog é documentar a nova jornada ciclística que estamos empreendendo. (sim, amiguinhos...não estou sozinho: Gabriela Giamoniano, minha esposa, companheira de roubadas mil, estará nessa).

Gabi e Eu chegando de Kombosa na Serra da Canastra/MG

Ao longo do próximo ano iremos nos preparar para uma prova de ultraciclismo, coisa que nunca havíamos cogitado, mas que inevitavelmente tendia a acontecer como parte de nossa evolução.

Então esperem por relatos/fotos de treinos, pedais, perrengues, provas, divagações e, claro, algumas de nossas peripécias ocorridas durante o hiato do do blog.

Espero que todos curtam essa nova fase e nos acompanhem nessa incrível jornada!


Um grande abraço e até o próximo post!